quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Indelével


Sempre pensei em tatuagens, admito que acho bonito essa gente rabiscada que anda pela cidade “impondo” aos outros seus gostos. Carpas e ideogramas se confundem num mundo nada oriental. A sutileza de uma tez bronzeada se confunde com símbolos Maoris e bonequinhos infantilizados. Outros preferem ainda frases de efeito ou versos de musicas.

Eu sempre fui medrosa... não da agulha! Mas sim de uma marca se tornar um estigma e literalmente me marcar de forma negativa. Ainda posso ouvir minha vó falando atrocidades na primeira vez que cogitei em fazer uma tatuagem... “Onde já se viu uma moça fazer tatuagem??? Isso é coisa de bandido! Nenhuma empresa vai te dar emprego!”. Além de tantas outras coisas que nem caberia dizer aqui...

Já pensei em muitas coisas: Orquídeas, Fadas, Borboletas, Cavalos Marinhos, Estrelas... Uma infinidade de banalidades que hoje percebo, que nem são tão características da minha pessoa sabe?! Mas acho que a ideia que mais me assusta são as “provas de amor”.
Preciso repetir o tão gasto verso do Soneto de fidelidade do querido Vinicius de Moraes? “Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure”. Essa insaciável mania de expressar ao mundo sua “felicidade”... Desculpe-me, mas vou ali vomitar e já volto.

Admito que já pensei em fazer uma dessas, bem brega, homenagem surpresa ao amado. E com a ajuda divina desisti no ultimo momento e comprei uma coleção de livros. Ad Eternum, Ad Infinitum, era isso que estaria escrito no meu pulso.

Hoje percebo que algumas tatuagens são invisíveis, e essas sim, acabam se tornando algo indelével. As tatuagens que não podemos mostrar a ninguém são as que definem seu gosto, sua lembrança e impõem aos outros seu estado de espírito... Grandes marginais da periferia da vida, elas sim te marcam como um hematoma e te viciam em um jogo sádico.